Existe uma frase que diz que viver, antes de qualquer coisa, é aprender a ler entrelinhas.
De
alguma forma, é isso mesmo que a vida quer de nós: um pouco de
sabedoria para lidar com aquilo que os nossos olhos ainda não conseguem
ver. E uma boa dose de coragem para arriscar sem medo de errar, até
porque, ninguém sabe realmente o que virá pela frente. O futuro é uma incógnita, por mais
bonitinho e arrumadinho que ele possa parecer. De uma hora para outra,
esteja certo, a vida dará um jeito de desarrumar todas as suas gavetas
milimetricamente organizadas, só para te tirar daquele lugar seguro que
lembra colo de mãe e tarde de domingo. E ela não fará isso porque é
má, não. A vida não é má, por mais injusta e horrorosa que ela aparente
ser de vez em quando. A vida é boa e generosa, apesar de tudo, e é
justamente por isso que ela faz isso com a gente: arruma e desarruma
tudo, nos tira da zona de conforto, nos chacoalha, dá tapa na cara, mas
depois empresta o ombro, acalenta, sorri e consola. Se é certo que ninguém cresce sem
ouvir um “não”, mais certo ainda é o fato de que também é preciso saber
conviver com o “sim” de vez em quando. Pode parecer estranho, mas às
vezes o “sim” amedronta mais do que o “não”, se é que você me entende.
Aceitar que sim, é possível; que sim, é preciso; que sim, chegou a hora;
que sim, vale a pena é assumir uma responsabilidade enorme perante si
mesmo. Mais do que isso, aceitar o “sim”, em alguma medida, é fazer uma
escolha e apostar as suas fichas em algo que você não sabe exatamente no
que vai dar. Aceitar o “sim” é arriscar. E arriscar, por mais bonito e
corajoso que possa parecer, às vezes dá um medo danado. Certa vez uma amiga me disse que
esse “cagaço” que a gente sente de vez em quando, com o perdão da
palavra, é sinal de que alguma coisa dentro de nós clama por mudança.
Sinal de que a vida vem aí para mostrar que a graça de tudo acontece
justamente fora da nossa zona de conforto. Sentir “cagaço”, afinal, é
sinal de coragem. A vida pode ser boa e generosa,
injusta e horrorosa, como queira definir ou explicar. Mas é preciso
muita coragem para aceitar os “sins” que ela te dá. E, mais ainda, para
arriscar, mesmo que você não saiba ao certo com todas as letras, o que
esperar quando chegar lá.